A vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), Patricia Gualinga, participou recentemente do encontro internacional Balanço Ético Global com vistas à COP 30, um espaço que está sendo desenvolvido em diferentes regiões do mundo e que reuniu em Bogotá representantes da América do Sul, América Central e Caribe.
O evento contou com personalidades de grande relevância, entre elas a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, a ministra do Meio Ambiente do Brasil Marina Silva, o atual presidente da COP30 André Corrêa do Lago e a ministra dos Povos Indígenas do Brasil Sônia Guajajara, bem como especialistas e líderes de diferentes áreas sociais, jurídicas, científicas e culturais.
Ao todo, cerca de 30 vozes diversas compartilharam suas perspectivas em uma conversa fechada de alto nível, que abordou questões éticas, culturais, espirituais, sociais e científicas relacionadas à crise climática e ao futuro do planeta.
Durante sua intervenção, Patricia Gualinga destacou a importância de uma visão dos povos originários, lembrando que a natureza não deve ser vista apenas como um recurso, mas como um sujeito com dignidade e direitos:
“De acordo com nossas culturas e tradições, a natureza nos vê como irmãos. No entanto, nós, seres humanos, temos agido como se estivéssemos acima dela, destruindo o que deveria ser cuidado e respeitado. A Amazônia é um dos pilares mais importantes para o equilíbrio planetário, e não nos importamos em colocá-la em risco”, afirmou.
Da mesma forma, destacou a urgência de questionar por que os governos não tomaram medidas mais firmes para cumprir os compromissos internacionais, como o limite de 1,5 °C no aumento da temperatura global, e levantou a necessidade de ouvir a ciência sem separá-la da espiritualidade, da cultura e da ética.
O encontro, que também contou com a participação de jovens, artistas e representantes indígenas, permitiu abrir um espaço de reflexão coletiva e plural sobre a crise socioambiental, trazendo visões que transcendem o técnico para colocar no centro a pessoa e a Casa Comum.
Para a CEAMA, a participação de Patricia Gualinga é um sinal do compromisso da Igreja na Amazônia com os processos internacionais de incidência ambiental e climática, em sintonia com o apelo do Papa Francisco para construir uma ecologia integral e trabalhar juntos pela justiça socioambiental em favor das gerações presentes e futuras.