Um sinal de comunhão e esperança: as cruzes amazônicas para os bispos

No âmbito do Encontro dos Bispos da Amazônia, um gesto carregado de simbolismo se torna memória viva dos clamores da região. O artesão José Dorado, residente em San Miguel de Velasco (Bolívia), elaborou com dedicação e fé as 130 cruzes que receberam os bispos participantes deste encontro eclesial.

Cada uma dessas cruzes é feita com madeira proveniente das árvores queimadas na região da Chiquitanía, na Amazônia boliviana. Assim, a ferida da terra se transforma em sinal de fé e esperança, lembrando que da dor também pode brotar a vida.

As cruzes foram abençoadas por Monsenhor Robert Flock, bispo da Diocese de San Ignacio de Velasco, em um momento de oração que selou este sinal comunitário.

Cada cruz representa os gritos da Mãe Terra, ferida pela crise socioambiental que atravessa a Amazônia. O ano de 2024 deixou números dolorosos: foram registrados os níveis mais altos de incêndios florestais em duas décadas, com 2,8 milhões de hectares de florestas tropicais amazônicas devastadas. Um desastre com consequências devastadoras tanto para os ecossistemas quanto para as comunidades indígenas que dependem deles para viver.

Este símbolo pretende lembrar aos pastores amazônicos que sua missão está intimamente ligada à defesa da vida, dos povos e da Casa Comum. Nas mãos de cada bispo, a cruz será um chamado a renovar o compromisso com uma Igreja com rosto amazônico, que escuta os clamores da Terra e dos pobres, e que se deixa interpelar pelo Espírito que renova todas as coisas.