No âmbito do Encontro dos Bispos da Amazônia, que se realiza na capital colombiana de 17 a 20 de agosto, a ADN Celam recolheu testemunhos de vários participantes para conhecer os avanços do caminho sinodal das Igrejas amazônicas desde o Sínodo de 2019 até hoje. O evento tem como objetivo fortalecer a sinodalidade como um estilo de Igreja que escuta, compartilha e se compromete com os povos e territórios da região.
Nas vozes de bispos, padres, leigos e religiosas, destaca-se a importância de caminhar juntos, de ouvir as comunidades originárias e de criar novas formas pastorais que respondam aos desafios atuais. Os protagonistas compartilharam suas experiências locais e o trabalho da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), refletindo assim um processo vivo de fraternidade e missão compartilhada.
Monsenhor Ernesto Romero: “Hoje vivemos a experiência de uma Igreja sinodal que caminha unida”
Para o vigário apostólico de Tucupita, na Venezuela, desde o Sínodo da Amazônia as comunidades puderam experimentar o que significa caminhar juntos como Igreja guiada pelo Espírito Santo. “Somos chamados a ser o rosto da nossa Amazônia e do nosso povo: indígenas, camponeses e ribeirinhos”, indicou.
Ele destacou que, em sua jurisdição, localizada no delta do Orinoco, o protagonismo do trabalho pastoral é desempenhado pelos catequistas, missionários e líderes indígenas que animam a vida comunitária, defendem os direitos dos povos e fortalecem o anúncio do Evangelho em meio a um território com mais de 300 canais e riachos.
Carmen de los Ríos: “A Ceama já tem identidade e um caminho de cinco anos”
A assistente do cardeal Pedro Barreto, presidente da Ceama, sublinhou que este encontro é uma conquista no processo eclesial amazônico. Ela relembrou que tudo começou com o gesto do Papa Francisco em Puerto Maldonado, Peru, em 2018, quando ouviu os povos indígenas e incentivou um processo que hoje se concretiza na Ceama.
“É um milagre o que vivemos em tão pouco tempo. A Ceama já tem corpo, identidade e um caminho de cinco anos que agora se relança com mais força”, afirmou. Para De los Ríos, é claro que a sinodalidade inclui todos: bispos, leigos, religiosas e padres, em uma missão comum de anunciar que o amor de Deus transforma a realidade da Amazônia.
Padre Romny García: “O grande avanço foi a inclusão e o caminhar juntos”
Por sua vez, para o administrador diocesano de Guasdualito, Venezuela, o principal fruto deste processo do Sínodo da Amazônia foi conquistar os sacerdotes para o sonho de uma Igreja sinodal, na qual a participação dos leigos tem um papel fundamental.
“Viemos de uma Igreja muito tradicional, hierárquica, e o Papa Francisco nos convidou a ouvir e caminhar juntos. Isso tem sido maravilhoso”, afirmou. Ele destacou ainda que se fortaleceu a atenção pastoral em zonas fronteiriças e selváticas antes esquecidas, integrando comunidades que hoje são prioridade na vida diocesana.
Martha Inés Valencia: “A novidade não está no que fazemos, mas em como fazemos”
A missionária colombiana Laurita, que acompanhou desde o início a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), destacou que reencontrar a Ceama lhe permite constatar os grandes avanços alcançados neste caminho. Segundo ela, o mais importante foi tornar visível tanto a presença da Igreja quanto a dos povos amazônicos, todos caminhando juntos.
A religiosa considera que a contribuição renovadora do Papa Francisco está na ressignificação, ou seja, dar valor ao que parecia perdê-lo, transformar a forma de fazer pastoral. “Hoje falamos de planos de vida e não apenas de projetos, inspirados nas comunidades indígenas, e caminhamos para uma ecologia integral que cuida da vida e da casa comum”, concluiu.