Em um clima de profunda comunhão eclesial e alegria fraterna, o Papa Leão XIV recebeu em audiência a delegação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), na quarta-feira, 29 de outubro, no Vaticano.
O encontro foi um momento de gratidão, escuta e esperança, no qual se compartilhou com o Santo Padre o caminho percorrido pela CEAMA desde sua fundação, os avanços em seus horizontes apostólicos sinodais e os desafios da missão no coração da Amazônia.
A CEAMA: fruto do Sínodo e sinal de sinodalidade
O cardeal Pedro Barreto, presidente da CEAMA, lembrou ao Santo Padre que este organismo nasceu como fruto do Sínodo para a Amazônia (2019) e foi constituído oficialmente em 29 de junho de 2020, em plena pandemia, como uma expressão concreta da sinodalidade vivida na região.
“A CEAMA reflete a comunhão viva entre os povos, a vida consagrada, os bispos, os leigos, os sacerdotes e os povos originários da Amazônia. É um sinal de que o Sínodo continua caminhando”, expressou o cardeal Barreto.
O Papa Leão XIV ouviu com atenção os testemunhos dos representantes da CEAMA, que apresentaram as iniciativas de acompanhamento pastoral, formação, ecologia integral e escuta às Igrejas locais nos nove países que compõem a Amazônia.
O Pontífice destacou a riqueza da experiência amazônica como exemplo do que significa “caminhar juntos” na Igreja: um modelo de participação, discernimento e serviço inspirado no Evangelho.
O Papa com coração amazônico
Durante a audiência, o Papa reafirmou sua proximidade com os povos da Amazônia e sua admiração pela fé simples, comunitária e encarnada das comunidades locais.
“Obrigado por cuidar desse coração e por nos lembrar que a sinodalidade se aprende nas margens, onde o Espírito fala com força”.
O Pontífice encorajou a CEAMA a continuar sendo uma voz profética diante dos desafios sociais, ecológicos e espirituais da região e a continuar tecendo redes de esperança.
As mulheres na Igreja amazônica
Um dos temas destacados do diálogo foi o papel das mulheres na Igreja amazônica.
A Irmã Laura Vicuña, representante da vida consagrada na CEAMA, expressou que “a presença feminina é essencial nos processos de evangelização e sinodalidade; são as mulheres que sustentam a fé, acompanham as comunidades e custodiam a vida no território”.
O Papa Leão XIV reconheceu com gratidão a contribuição das mulheres amazônicas — consagradas e leigas.
Horizontes apostólicos sinodais
Mons. Zenildo Lima, presidente da CEAMA, apresentou ao Papa o processo de discernimento em curso para definir os Horizontes Apostólicos Sinodais, fruto da escuta e do diálogo com as Igrejas locais, as conferências episcopais e os povos amazônicos.
Este processo busca orientar as prioridades missionárias e pastorais da CEAMA, fortalecendo a articulação e a corresponsabilidade entre os diferentes atores eclesiais do território.
“Temos a certeza de que o Espírito está guiando um processo. A Amazônia nos ensina que a sinodalidade não se decreta, se vive”.
O Papa encorajou a continuar este discernimento com paciência e esperança, lembrando que “os verdadeiros processos do Espírito crescem sem pressa: em silêncio, com tempo e avançando todos no mesmo ritmo”.
O caminho dos bispos da Amazônia
A delegação também compartilhou com o Papa os frutos do Encontro dos Bispos da Amazônia, realizado recentemente em Bogotá, que reuniu mais de 90 bispos de toda a região.
Este evento marcou um novo impulso na articulação eclesial amazônica, evidenciando a vitalidade das Igrejas locais e seu desejo de caminhar unidas na missão.
Um sinal de comunhão desde o território
Ao concluir a audiência, a delegação da CEAMA ofereceu ao Santo Padre um sinal de gratidão e comunhão: uma rede tecida em fibra de moriche, confeccionada por Karismar Sánchez, mulher indígena do povo Warao, originária do estado de Delta Amacuro (Venezuela) e atualmente migrante em Boa Vista, Roraima – Brasil.
Foto: Vatican Media