A poucos dias do Encontro dos Bispos da Amazônia, que será celebrado de 17 a 20 de agosto na sede do CELAM, o cardeal Pedro Barreto, presidente da CEAMA, compartilhou uma profunda reflexão sobre o caminho histórico e pastoral percorrido pela Igreja neste território, bem como a importância do processo sinodal em curso.
O cardeal lembrou que a presença da Igreja na Amazônia remonta a mais de 500 anos, um caminho percorrido com luzes e sombras, mas sempre sob uma dinâmica de escuta: de Deus, dos povos originários e de todos aqueles que, movidos pelo Espírito, trabalharam por uma evangelização encarnada. “Embora não se chamasse sinodal, tem sido um caminho conjunto desde o início”, sublinhou.
De Medellín a Santarém: marcos de um compromisso
Em sua retrospectiva histórica, destacou a influência do Concílio Vaticano II e sua recepção na América Latina através da Segunda Conferência Episcopal em Medellín (1968), onde se afirmou a opção preferencial pelos pobres, posteriormente reafirmada pelo Papa Bento XVI em Aparecida (2007).
No âmbito amazônico, ele apontou dois marcos importantes: a reunião de bispos em Iquitos (1971), onde foi proposta pela primeira vez uma conferência episcopal amazônica, e o encontro de Santarém (1972), que reforçou essa visão. “Essas foram as bases do que vivemos hoje na Igreja na Amazônia”, afirmou.
A CEAMA: fruto de um processo sinodal
O cardeal Barreto lembrou que a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), criada pelo Papa Francisco há cinco anos, é fruto direto do Sínodo para a Amazônia e do amplo processo de escuta realizado pela REPAM em 45 assembleias territoriais. Esse diálogo, disse ele, tornou-se um contributo fundamental para o documento de trabalho do Sínodo em 2019.
Um encontro histórico em Bogotá
Sobre o encontro que se aproxima, ele informou que cerca de 90 bispos amazônicos, de um total de 105 jurisdições eclesiásticas do território, se reunirão em Bogotá. Eles contarão com o acompanhamento do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a presença do cardeal Michael Czerny e o apoio de diversas instituições comprometidas com uma Igreja com rosto amazônico.
“O Papa Francisco sonhou com uma Igreja que escuta, que participa, que discerne e que assume com força a missão evangelizadora neste querido território. Agora, com o Papa Leão XIV, vivemos a novidade na continuidade desse caminho”, afirmou.
O cardeal concluiu sua mensagem com um apelo para viver esta terceira fase do processo sinodal com esperança: “Queremos construir juntos uma Igreja que escuta, que participa e que anuncia o Evangelho com vigor na Amazônia”.