De 27 a 29 de janeiro, realizou-se em Lima a primeira Assembleia Eclesial da Amazônia Peruana, reunindo bispos, missionários, leigos e representantes indígenas. Dada a grave crise ambiental que afecta a região, os participantes denunciaram a destruição dos ecossistemas, a impunidade das organizações criminosas e a falta de resposta de muitos governos. Inspirados pela mensagem do Papa Francisco, emitiram um apelo urgente à ação para proteger a Amazónia, os direitos do seu povo e os seus recursos naturais, reafirmando que a justiça ambiental é fundamental para o futuro do planeta.
Pronunciamento
1. É hora de reagir: Vamos reconhecer que somos parte do problema; Todos nós temos responsabilidade pela desastrosa crise climática em que a nossa Amazônia está imersa. Mas também fazemos parte da solução; O chamado para cuidar do bioma Amazônia exige que paremos os impactos ambientais e preservemos um meio ambiente saudável e equilibrado. Este é o legado para nossos filhos e netos.
2. É urgente dizer Não às organizações criminosas: A Amazônia está muito próxima de atingir o “ponto sem volta”, no qual se tornará uma savana e não cumprirá mais seu papel decisivo na regulação do clima mundial. No entanto, as organizações criminosas continuam a sangrá-la com total impunidade. É necessário reverter esta situação e direcionar nossas ações coletivas para deter esta onda destrutiva de vida. Instamos as autoridades a exercerem seus deveres com responsabilidade e patriotismo para com os cidadãos e o território amazônico.
3. Com o Papa Francisco apelamos aos políticos para que pensem no bem comum (boa política): Lamentamos que longe de demonstrar cuidado com o presente extraordinário que é a nossa Selva (60% do território nacional), pareça que estão virando as costas às ações impunes do garimpo ilegal, que continua devastando nossos territórios, corrompendo e dividindo nossos povos amazônicos.
4. A água é um direito fundamental de todos: O Tribunal Constitucional sanciona que o Estado, com respeito pelos seus cidadãos, deve garantir que as suas autoridades e representações não interferem no acesso de todas as pessoas a este bem, em condições saudáveis para o consumo humano. O Papa diz-nos que “não deixar ninguém para trás” significa comprometer-nos para acabar com esta injustiça… porque a vida das pessoas e a sua própria dignidade estão em jogo.
5. Devemos cuidar dos cuidadores e defensores ambientais: A Igreja na Amazônia acompanha os processos judiciais iniciados por organizações indígenas e que marcaram um marco na defesa das águas e das florestas. Contudo, já existem muitas (35) lideranças indígenas assassinadas e outras criminalizadas e ameaçadas. No entanto, e orientada pelo Papa Francisco, a Igreja mantém o seu compromisso de cuidar da terra e dos povos (indígenas, colonos, ribeirinhos) que nela vivem.
Tendo iniciado o ano jubilar “peregrinos da esperança”, vivamos este ano inspirados nas palavras do Livro do Levítico onde se define o sentido do jubileu, regressando à harmonia das relações justas: «Eles proclamarão uma libertação para todos… cada um recuperará os seus bens, e cada um retornará para a sua família.” (Lv 25,10), respeito pelos ritmos da natureza: «Eles não semearão nem colherão o que crescerá novamente da última colheita.» (Lev. 25, 11), finalmente: «Não se defraudem uns aos outros e temam o seu Deus, pois eu sou o Senhor, o seu Deus.» (Lv. 25,17).