No âmbito da COP30, a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) participou ativamente do painel “Ação urgente diante das mudanças climáticas e promoção da justiça socioambiental”, realizado na Zona Blue – Pavilhão Países, Sala CAF (PV b25). O encontro reuniu vozes de referência mundial para refletir sobre os desafios da crise climática e a necessidade de respostas comprometidas de todos os setores.
O cardeal Pedro Barreto Jimeno, S.J., presidente da CEAMA, fez uma intervenção profunda e profética, na qual destacou que a COP30 é “a esperança colocada em ação”. Ele lembrou que, desde a Cúpula do Rio de 1992, a humanidade acumulou diagnósticos e compromissos, mas as ações têm sido insuficientes diante da gravidade da emergência planetária. À luz da Laudato Si’ e da Laudate Deum, ele insistiu que o mundo não enfrenta mais apenas “o clamor da terra e dos pobres”, mas um sofrimento compartilhado que também afeta as classes médias e os países mais desenvolvidos, evidenciando a urgência de decisões imediatas e corajosas.
O cardeal destacou que esta COP, celebrada no coração da Amazônia, constitui um Kairos, um momento oportuno para a humanidade: “um momento para sonhar e agir juntos como família humana”, no espírito do Jubileu 2025. Nesse sentido, retomou o apelo do Papa Francisco sobre a dívida ecológica que o Norte Global mantém com o Sul Global, uma dívida moral e estrutural que, segundo ele, “deve ser saldada sem demora, para que a vida e a dignidade dos povos não continuem sendo sacrificadas”.
Durante sua exposição, ele denunciou a crescente desigualdade entre países desenvolvidos e economias vulneráveis, lembrando que, enquanto os primeiros possuem tecnologias para reduzir seu impacto ambiental, os segundos destinam recursos desproporcionais ao pagamento da dívida externa, comprometendo áreas essenciais como saúde, educação e cuidados ambientais. “Este ciclo vicioso deve ser quebrado”, afirmou, alertando que as comunidades indígenas e de baixa renda continuam sendo as mais afetadas e, paradoxalmente, entre as menos ouvidas nos espaços de decisão global.
Ao mesmo tempo, o cardeal Barreto apontou sinais de esperança. Ele destacou iniciativas surgidas da sociedade civil e do setor privado na Amazônia peruana — como a AMANATARI em Loreto e o fundo LXG ‘Tayta Pancho’ em Madre de Dios — como exemplos concretos de projetos que protegem a biodiversidade e empoderam as comunidades locais. “Grandes mudanças nascem de pequenas sementes”, afirmou, incentivando a multiplicação dessas iniciativas e a assunção de compromissos concretos em cada território.
O evento contou também com a participação de:
• Cardeal Felipe Neri Ferrão (FABC)
• Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus
• Cristian Asinelli, Vice-Presidente Executivo, CAF
• Carlos Greco, Reitor da UNSAM (RUC)
Da CEAMA, a intervenção do Cardeal Barreto reafirma a convicção de que a justiça socioambiental é um imperativo ético, espiritual e político. “É hora de agir — concluiu —, porque no rosto ferido dos pobres encontramos o sofrimento de Cristo e o clamor de uma Amazônia que não pode mais esperar”.
