Mulher indígena e Amazônia: força, terra e vida em resistência – Irmã Laura Vicuña

No âmbito da comemoração do Dia Internacional da Mulher Indígena, data que coincide também com o Dia da Amazônia no Brasil, a Irmã Laura Vicuña, religiosa brasileira e vice-presidente da CEAMA, compartilhou uma profunda reflexão que ressoa como testemunho e profecia para toda a Igreja e a sociedade. Ela reconheceu que as mulheres indígenas, com sua estreita ligação com a terra, representam uma força vital e espiritual não apenas para a Amazônia, mas para o mundo inteiro.

“Nós, mulheres, temos toda a força, toda a energia e essa estreita conexão com a terra, que é mãe, que nos acolhe e nos alimenta. Essa conexão com a terra nos faz cuidar da vida, lutar pelos direitos e ter uma voz ativa na sociedade, na Igreja e nas comunidades onde estamos”.

O coração feminino da Amazônia

A Amazônia não pode ser compreendida sem a presença ativa de suas mulheres. Elas são guardiãs da biodiversidade, cuidadoras da vida comunitária, transmissoras da língua e dos conhecimentos ancestrais. Nos povos amazônicos, a mulher não apenas sustenta a vida cotidiana, mas também tece redes de resistência diante das múltiplas ameaças que pesam sobre a região: o extrativismo, o desmatamento, a violência e a exclusão social.

A Irmã Laura Vicuña expressou isso com veemência:

“Celebramos com muita força, com muita luta e com muita conexão a defesa da vida, a defesa da terra e a defesa dos direitos”.

Essas palavras sintetizam o papel insubstituível da mulher amazônica como pilar de resistência, portadora de dignidade e semeadora de esperança.

Mulheres indígenas: voz profética na Igreja e na sociedade

A CEAMA reconhece que a voz das mulheres indígenas amazônicas é essencial para uma Igreja com rosto feminino, sinodal e profético. Sua liderança não é acessória, mas constitutiva de uma nova maneira de ser Igreja no território, onde o diálogo, a escuta e a defesa da vida se tornam eixos fundamentais.

Na sociedade, seu testemunho também questiona as lógicas de poder e exclusão. A mulher indígena se torna um sinal de resistência ativa contra a colonização em suas novas formas e, ao mesmo tempo, uma fonte de alternativas para a construção de sociedades mais justas e inclusivas.

Uma força que conecta vida e esperança

A coincidência dessas duas celebrações – o Dia Internacional da Mulher Indígena e o Dia da Amazônia no Brasil – lembra que o cuidado da terra e a dignidade dos povos são inseparáveis. A mulher indígena é a expressão viva dessa interconexão: a terra que dá vida e a mulher que resiste e protege se fundem em uma mesma história de cuidado e esperança.

A CEAMA renova seu compromisso de caminhar ao lado delas, convencida de que, sem a voz, a força e a sabedoria das mulheres indígenas, não é possível sonhar nem construir uma Amazônia viva, justa e fraterna.

Por: Deivis Fernando Rueda – Comunicações CEAMA