Na sede romana da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, na terça-feira, 4 de junho, teve lugar a apresentação das atas do Sínodo para a Amazônia celebrado em 2019, sob o título “Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. A conferência foi inaugurada pelo cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, e contou com as intervenções do cardeal Pedro Barreto Jimeno, presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), do cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, do monsenhor Fernando Chica Arellano, observador permanente da Santa Sé na FAO, de Yésica Patiachi e da irmã Laura Vicuña, vice-presidentes respectivamente da REPAM e CEAMA.

O cardeal Pedro Barreto Jimeno lembrou a preparação do Sínodo de outubro de 2019, organizada pela REPAM, que incluiu 70 assembleias territoriais e 25 fóruns temáticos com a participação de mais de 80.000 pessoas, muitas delas indígenas. A CEAMA, presidida por Barreto e criada em 2020 em resposta às recomendações do Sínodo, tem sido encarregada de implementar as propostas do Documento Final e delinear um plano pastoral.

Yésica Patiachi, vice-presidente da REPAM, fez um apelo à conversão dos nossos estilos de vida, destacando que os povos indígenas estão em risco porque seus territórios não estão protegidos e os “guardiões das florestas” estão sendo assassinados. Ela sublinhou que a REPAM e a CEAMA são respostas à Amazônia que está sangrando e destacou a visita do Papa Francisco como um ato de apoio crucial.

A irmã Laura Vicuña, vice-presidente da CEAMA, destacou que a Amazônia nunca esteve tão ameaçada como hoje, mencionando os “projetos de morte” como hidrelétricas, minas e monoculturas que destroem o meio ambiente e a biodiversidade. Muitos povos amazônicos são obrigados a se deslocar para as cidades, onde enfrentam insegurança alimentar e falta de políticas públicas, enquanto o crime organizado se fortalece.

O cardeal Michael Czerny sublinhou, por sua vez, o compromisso da Santa Sé com o desenvolvimento humano integral de toda a comunidade amazônica. Ele destacou que “Este encontro e este compromisso mútuo constituem um compromisso grande, sincero e transparente para ler os sinais dos tempos, discernir honestamente o que significam esses sinais e abraçar a vontade de Deus para a Amazônia e para o mundo inteiro”, vontade frequentemente oposta ao curso atual. “As decisões que as pessoas estão tomando em todo o mundo sobre o que consumimos, no que investimos, como ganhamos, que objetivos perseguimos, muitas vezes estão em contradição destrutiva com a sobrevivência e o florescimento da Amazônia e de seus povos”.

As presidências da CEAMA e da REPAM estão em Roma para uma série de reuniões e atividades. Na segunda-feira, 3 de junho, reuniram-se com o Papa Francisco para apresentar os avanços alcançados desde o Sínodo sobre a Região Pan-Amazônica realizado há cinco anos.