REIBA 5 anos: Defender a educação do povo é também defender a vida – Dom David Martínez

No âmbito dos cinco anos de vida da Rede Amazônica de Educação Bilíngue Intercultural (REIBA) Dom David Martínez de Aguirre, presidente da Rede, compartilha uma reflexão profunda sobre o caminho percorrido e o horizonte que se abre para a educação com identidade nos territórios amazônicos.

“É uma grande alegria comemorar estes cinco anos. É ver como um sonho nascido do Sínodo para a Amazônia se tornou realidade”, afirma Dom Martínez. Desde a sua criação, a REIBA têm respondido a um clamor comum das Igrejas locais: fortalecer uma educação baseada no diálogo intercultural, reconhecendo e valorizando as línguas, as visões de mundo e as tradições dos povos indígenas.

Uma rede ao serviço das pessoas

A REIBA foi concebida com a consciência de que muitos esforços educacionais na Amazônia eram isolados. Integrar a rede nos permitiu compartilhar experiências, unir forças e apoiar processos locais em seis países amazônicos. “A rede cresceu com grande entusiasmo, graças à dedicação de pessoas como o Padre Pablo Mora e tantos voluntários, religiosas e leigos que generosamente contribuíram para comunidades remotas”, lembra o Bispo David.

Ao longo dos anos, a REIBA promoveu a formação de professores indígenas, apoiou processos pastorais e fomentou uma liturgia inculturada. Particularmente significativa foi a criação de materiais didáticos que respeitam o ritmo e a visão de mundo das comunidades, como calendários indígenas e o resgate de cantos, histórias e saberes ancestrais.

Educar sem desistir

Uma das principais contribuições da REIBA tem sido combater a narrativa que desvaloriza as culturas indígenas. “A educação intercultural bilíngue oferece uma alternativa real à pressão que muitos povos sentem para abandonar sua identidade a fim de ‘progredir’ no mundo ocidental”, observa a presidente da rede. Trata-se, em vez disso, de fortalecer as raízes culturais sem abrir mão das ferramentas que permitem o diálogo com o mundo.

A REIBA conseguiu conectar territórios isolados, inspirar educadores e líderes comunitários e gerar processos de formação que dignificam os povos indígenas. Também lamentou o falecimento de grandes aliados como a Professora Lucy Trapnell, uma incansável defensora da educação indígena no Peru.

Uma missão que está apenas começando

Cinco anos após sua fundação, a REIBA se projeta como uma plataforma estratégica para o fortalecimento da educação na Amazônia. Mas o desafio é imenso. “Temos enormes lacunas a serem preenchidas. Não podemos desistir. Nossas crianças e jovens merecem o melhor: uma educação de qualidade que respeite sua identidade e os prepare para um futuro de liberdade”, afirma o Bispo Martínez.

O chamado é para unir forças. “Esta tarefa é tão grande que não podemos realizá-la sozinhos. Precisamos somar vontade, recursos, capacidades humanas e materiais. Porque defender a educação dos povos também significa defender a vida, a cultura e o futuro da nossa Amazônia.”