A recente exortação apostólica Dilexi Te (“Eu te amei”), assinada pelo Papa Leão XIV em 4 de outubro passado, foi recebida pela Igreja na Amazônia como uma inspiração renovada para o caminho pastoral e missionário nos territórios amazônicos.
O documento, centrado na opção preferencial pelos pobres, convida toda a Igreja a “sair de si mesma para se inclinar, ouvir e acompanhar os clamores dos mais vulneráveis”, uma perspectiva profundamente ligada à experiência das comunidades amazônicas que vivem em meio à riqueza natural, à diversidade cultural e às realidades de exclusão e ameaça ambiental.
Uma mensagem que encontra eco na Amazônia
Para a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), Dilexi Te se torna uma confirmação do caminho sinodal e missionário que a Igreja amazônica vem percorrendo desde o Sínodo para a Amazônia (2019).
“O Papa Leão XIV nos lembra que a opção pelos pobres não é um gesto opcional, mas o próprio coração do Evangelho”, destacou o cardeal Pedro Barreto, presidente da CEAMA.
“Cristo ama a Amazônia, e nela se torna visível seu amor pela humanidade. Este chamado fortalece nossa esperança e nossa missão de caminhar junto aos povos, defendendo a vida, a dignidade e a Casa Comum”, afirmou.
Caminhos de resposta da CEAMA
Inspirada por Dilexi Te, a CEAMA renova seu compromisso com quatro eixos pastorais fundamentais:
- Escuta e itinerância: estender a presença missionária aos territórios mais esquecidos, acompanhando comunidades onde a vida é ameaçada pela pobreza e pela degradação ambiental.
- Encontro com os povos e seus conhecimentos: promover o diálogo intercultural e valorizar a espiritualidade dos povos originários, afro-amazônicos e ribeirinhos como parte da face eclesial amazônica.
- Conversão ecológica e justiça integral: assumir que a pobreza não é apenas material, mas também cultural, espiritual e ecológica, trabalhando pela defesa dos rios, da selva e dos modos de vida tradicionais.
- Sinodalidade amazônica: fortalecer uma Igreja que caminha junto com os povos, integrando suas vozes e carismas nos processos de discernimento e participação eclesial.
Uma Igreja que aprende amando
O cardeal Barreto destacou que Dilexi Te dá continuidade ao magistério latino-americano iniciado em Aparecida (2007) e prolongado em Querida Amazonia, e que hoje se expressa de forma profundamente pastoral e comunitária:
“O Papa Leão XIV retoma a convicção de que a opção pelos pobres está implícita na fé cristológica. Sua exortação nos anima a viver uma Igreja que ama, que serve e que se deixa evangelizar pelos pobres”.
“Estamos com as baterias carregadas para continuar caminhando com alegria e esperança”, afirmou o cardeal Barreto. “Dilexi Te nos renova na certeza de que Deus ama a Amazônia e nos convida a cuidar, com ternura e coragem, dos mais pobres e da nossa Casa Comum.”