“Ministerialidade, Território e Esperança: A Amazônia e o Legado do Papa Francisco”

Entrevista Irmã. Digna Pauta (Bolívia), Coordenadora do Núcleo Ministerialidade da Mulher da CEAMA

Da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) compartilhamos o testemunho do Hna. Digna Pauta, missionária equatoriana Laurita que atualmente mora na Bolívia e coordena o Núcleo Ministerialidade da Mulher da CEAMA. A sua reflexão traduz em palavras o que o Papa Francisco significou para a sua vida, para a sua vocação missionária e para a transformação eclesial na Amazónia.

Um testemunho que inspira vocações de esperança

“A vida e o ministério do Papa Francisco significaram para mim uma profunda inspiração para seguir Cristo com alegria, esperança, fidelidade e gratuidade”, diz a Irmã. Ela destaca que a proximidade do Papa, a linguagem simples mas profética e a sua forma de encarar a vida com ternura e compromisso fizeram com que ela se sentisse “identificada, reconhecida e valorizada”.

Uma Igreja que escuta, sonha e transforma

Questionada sobre os processos que o Papa Francisco abriu na Amazónia, a freira aponta como uma grande novidade “escutar os habitantes dos diferentes territórios”, algo que marcou um antes e um depois na história eclesial da região. A criação do Conferência Eclesial da Amazônia e a abertura a novos ministérios e estruturas fazem parte do sonho de “uma Igreja diferente, mais participativa, mais enraizada no território e mais fiel ao Evangelho”.

Além disso, destaca o reconhecimento do papel das mulheres na evangelização, “não como ajudantes, mas como protagonistas da missão”, bem como a revalorização dos povos indígenas, das suas cosmovisões e espiritualidades.

Uma voz profética com o povo

O ensinamento do Papa Francisco tem sido, para os povos indígenas, uma “voz profética que validou, defendeu e tornou visíveis as suas lutas”. De acordo com Irmã Digna,, seu ensino denunciou claramente os sistemas extrativistas, a colonização cultural e a violência sofrida por muitas comunidades e líderes.

Continuando o legado: caminhando com as pessoas do território

Para dar continuidade ao legado de Francisco, Ir. Digna propõe vários caminhos já vividos no CEAMA:

  • Aprofundar um igreja sinodal, onde os povos amazônicos são protagonistas e não apenas destinatários.
  • Apostar por ministérios leigos e estruturas pastorais específicas do território, com formação sólida para líderes comunitários.
  • Promova o cuidado da Casa Comum como eixo transversal da pastoral.
  • Acompanhe o lutas por territórios e direitos culturais.
  • Trabalhe para o interculturalidade e o inculturação do Evangelho, com liturgias e ministérios nascidos do coração das culturas amazônicas.
  • viva o espiritualidade da Laudato Si’ e Querida Amazonía como caminho de conversão pessoal e comunitária.

Nas suas palavras resume-se o desejo comum de uma Igreja viva, que caminha desde e com a Amazônia, sustentada pela esperança e pelo compromisso com a vida e a dignidade de todos os povos.